segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Sempre me considerei revoltada no que toca a sentimentos mal resolvidos. Não gosto de falar sobre os meus problemas quando estão inteiramente ligados à forma como me sinto interiormente. Durante mais de dois anos fugi à conversa quando o assunto eras tu, aliás, ainda hoje se falar sobre ti não vai ser por mais de 10min, porque eu não consigo. Não consigo. Não. Consigo. E não é por falta de coisas a dizer a teu respeito, é por falta de coragem. Não sei lidar contigo, nunca soube, e o tempo passa e continuo sem saber. És sem duvida um assunto mal resolvido comigo mesma, não estou em paz, eu sei que ainda não te deixei ir. Durante meses procurei noutras pessoas aquilo que encontrei em ti, na esperança de preencher o vazio que deixaste quando partiste sem me dar oportunidade de aceitar o almoço que fiz questão de deixar pendente. Burra que fui, bem burra. Estupida. Mereço todos os insultos por ter falhado a oportunidade que tive de me despedir - “despedir”, porque nem eu nem ninguém ia adivinhar que alguém se ia lembrar de te levar mais cedo. A ti, à melhor pessoa que alguma vez eu conheci, e que fechei a porta desse titulo a toda a gente que conheci depois de te conhecer. E depois da vida te levar fechei mil portas, mil gavetas, mil maneiras de fugir à realidade que ainda hoje não quero encarar. Não é justo, sabes? Não foi justo para ti, mas também não foi justo para mim, que fiquei. Sozinha. É assim que me sinto, sozinha mesmo rodeada de pessoas que me amam, eu não as deixo entrar. Ganhei medo da vida. Não quero que me levem mais ninguém… Leio e releio mensagens na tentativa de preencher o vazio que um dia transbordou de tão cheio que estava e agora não passa de um espaço que tão cedo não consigo deixar alguém se apoderar. Mas não me traz nada, só recordações que revivo na minha cabeça sem precisar de as ler. Sei de cor de tantas vezes que li sempre a tentar encontrar uma forma de contornar a falta que me fazes, mesmo sem obter resultados. E continuo a ler, e continuo a saber que não adianta nada, e continuo a sabe-las de cor. Traz me sofrimento ler aquelas palavras quentes e saber que congelaram no tempo, não voltam mais, tudo o que eu tenho agora são tentativas de te deixar ir e maneiras falhadas de encontrar um amigo como tu. Só tu sabias como não me magoar mesmo quando magoavas. Agora sei que me levaste ao colo tantas vezes pra não ver a realidade como ela é, mas como tu querias que a visse, pra não doer, pra tirar sempre algo bom de tudo. Quem me dera agradecer-te uma ultima vez, acho que merecia tanto como tu. Quem me dera ser como os teus amigos que se lamentam nas redes sociais da falta que lhes fazes e se conseguem reconfortar com palavras amigas de pessoas que julgam saber o que é sentir este vazio. Nem me atrevo a escrever nada para ti e publicar diretamente para ti porque sinto que ninguém me percebe. Porra não perdi só o meu melhor amigo, perdi o amor da minha vida, ou pelo menos o primeiro. Alguém percebe isso? Eu não segui em frente, eu não te esqueci! A revolta que aguento no peito é sufocante. Foda-se. Que injustiça! Podia ser qualquer um, porque é que tinhas de ser tu? Não te quero deixar ir. Não consigo largar este sentimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário

deita cá para fora! ♥