Diário de uma adolescente, ou algo parecido

A cabeça pesa. Já nem sei se é do sono ou se é da ressaca. Mas doi. E de cada vez que falam as vozes fazem eco dentro da minha cabeça. Temo em me levantar, tenho medo de quando me olhar ao espelho me assustar e de assustar quem me rodeia. Rezo por mais cinco minutos na cama, que irão parecer horas. Tardo em levantar-me... É sempre assim que me atraso. Levanto-me, caminho para a casa de banho e sento-me em frente ao aquecedor. Choro, não sei se de vazio, ou de sono. No meu vagar, visto-me, preparo-me, e coloco a máscara com o sorriso. Preparada para um novo dia, que julgo ser sempre melhor que o anterior. Entro na escola, cumprimento pessoas que não me dizem nada quando as olho com o coração, nem sei porque gasto tempo com elas. Enervam-me. Passeio com a minha máscara em frente de quem está à espera de a ver. Quem me conhece não precisa de a ver, sabe que ela não existe, apenas tentam muda-la para a minha verdadeira expressão (Filipa, Inês, obrigada). Faço o dia escolar de uma aluna normal, ou pelo menos quase normal. Arrepio-me quando passo por quem quero ver, troco olhares feitos de vazio e química, talvez a química seja só da minha cabeça. Volto para casa, volto para o meu mundo. Escrevo, mas nem sei bem porquê. Pouco interessa, ninguém vai ler. E quem ler, não sabe do que falo, ou do que sinto, ou talvez saiba, não sei, pouco me interessa. Deito-me, um dia já passou. Tento fugir da rotina, todos tentamos, poucos conseguem.